Creio que o seguinte trecho do sermão "Igreja Católica Romana: Uma Radiografia", proferido em maio de 1963 pelo Dr. David Martin Lloyde-Jones na Westminster Chapel em Londres, merece sua atenção.
Leia sem preconceitos, pois, embora respeitoso, é um texto denso e desafiador.
Deus te abençoe nessa leitura.
Em Cristo,
Ela tem monopolizado toda denominação cristã. Chegou, sorrateira e sutilmente, a fim de construir um caminho, para, eventualmente, ser, de fato, universal no controle mundial. Falar do que ela tem feito iria nos tomar meses para o assunto ser tratado adequadamente. Limitado a este sermão, a fim de oferecer apenas algumas linhas principais, afirmo que minha opinião é verdadeira. Portanto, vou dividir o sermão em três títulos principais:
I - Idolatria e Superstição - Este primeiro título mostra como a ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) tem sido culpada pela introdução da idolatria e da superstição. Ora, não existe coisa alguma mais condenada na Escritura do que a “idolatria”. Não devemos fabricar ídolos. A Igreja Católica Romana ensina o seu povo a adorar os ídolos. Este se prostra diante de todo tipo de imagens. Quem já visitou uma das grandes catedrais, deve ter visto pessoas fazendo isso. Na Catedral dedicada ao Apóstolo Pedro, em Roma, existe uma estátua de Pedro e, quem observar a mesma, poderá verificar que os artelhos do “santo” estão lisos e gastos. Porque as pobres vítimas do engodo católico têm ali passado, beijando esses artelhos. As pessoas se ajoelham com reverência e adoram imagens e relíquias. Elas afirmam possuir relíquias dos santos, como pedacinhos de ossos, e outras coisas por eles usadas, colocando-os em lugares especiais e os adorando, ajoelhadas. Isto é nada mais do que uma chocante idolatria. Nada disso é encontrado nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento; contudo, a Igreja Católica Romana encoraja, deliberadamente, a idolatria.
II - A Igreja Católica Romana se coloca entre a alma e Jesus Cristo - A segunda grande acusação contra a Igreja Católica Romana é que ela se coloca entre o homem e o Senhor Jesus Cristo. Tem sido esta a acusação mais terrível durante todos estes anos. Ela afirma que é essencial para a salvação. Ela diz que: “Fora da Igreja não há salvação”. Ela afirma ser absolutamente indispensável. Colocando-se entre a alma e o Senhor Jesus Cristo, ela exige esta posição para si mesma. Não podemos encontrar este ensino no Novo Testamento, mas ele existe na Igreja Católica Romana. Ela afirma que somente ela sabe o que é a verdade, e que somente ela pode interpretá-la. Ao contrário de tudo isso, o Protestantismo – conforme a Bíblia – ensina o sacerdócio universal dos crentes e o direito de cada cristão ler sozinho a Bíblia e entendê-la, sob a iluminação do Espírito Santo. Roma nega tudo isto, absolutamente, afirmando que ela, e somente ela, pode entender e interpretar a Escritura, a fim de nos dizer no que devemos acreditar.
II.1 - Acréscimos à Escritura - A Igreja Católica Romana diz isto, em parte, porque afirma que tem recebido uma “revelação contínua”. Ela não acredita, como os protestantes – e conforme afirmam as Escrituras – que toda a revelação foi encerrada com o que temos no Novo Testamento. Por isso, ela não hesita em afirmar que recebe a revelação contínua, a fim de fazer acréscimos à verdade da Escritura. Mesmo afirmando que a Bíblia é a Palavra de Deus, a Igreja Católica Romana usa a Tradição. Ela usa a Tradição para fazer acréscimos, dando à mesma uma autoridade igual à da Escritura Sagrada. Esses acréscimos até mesmo chegam a negar o ensino bíblico e, desse modo, ela usa a sutileza. Ela age assim e em seguida exige lealdade total dos seus membros, afirmando que pode governá-los naquilo em que eles crêem. Ela também garante que é responsável pelas suas almas e pela salvação das mesmas. A ela, devem se submeter os seus membros, do mesmo modo como fazem os seguidores do Comunismo e faziam os de Hitler, em seus regimes totalitários. Considerando-se suprema, a Igreja Católica Romana se coloca entre os homens e o Senhor Jesus Cristo.
II.2 - O Papado - A segunda manifestação desse tipo de totalitarismo é o papa, com tudo que ele ensina. A Igreja Católica Romana afirma que o papa é o “Vigário de Cristo”, o descendente espiritual do Apóstolo Pedro. Isto ela chama “Sucessão Apostólica”, com toda a autoridade do Apóstolo Pedro. Ora, não quero questionar a posição que ela atribui ao próprio Pedro, mas a sua afirmação de que ela chama o papa de “O Santo Padre”, embora a Escritura ensine que não devemos chamar pessoa alguma de “pai”, pois o único Pai que existe é o que está no céu. A Igreja Católica Romana diz ainda que quando o papa fala “ex-catedra”, ele é infalível. Esta doutrina foi criada em 1870 e nela a Igreja Católica Romana exige que todos acreditem. A partir daí, conforme foi definido, os seus pronunciamentos são considerados infalíveis, tão infalíveis como os do próprio Deus e do próprio Jesus Cristo. O papa é adorado pelas pessoas, as quais se ajoelham diante dele, expressando uma adoração, que somente deve ser dirigida ao Deus Todo-Poderoso. O papa incorre na citação do Apóstolo Paulo, feita na 2 Tessalonicenses, pois se assenta “como Deus”, no trono de Roma.
II.3 - O Sacerdócio - A terceira manifestação encontrada é a do sacerdócio católico. Os sacerdotes (padres) da Igreja Católica Romana são pessoas muito especiais. Ela não acredita no sacerdócio universal dos crentes e as únicas pessoas que ela considera como sacerdotes são os homens que ela mesma treinou e ordenou, os quais recebem uma parte de sua autoridade proveniente da “Sucessão Apostólica”. Na 1 Pedro 2:9, lemos: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Mas, Roma diz: “Não, vocês são o laicato e somente os nossos padres é que são sacerdotes”. Em seguida, ela atribui a estes sacerdotes o poder de operar milagres. Aqui temos um assunto muito central e crucial. A Igreja Católica Romana afirma que o sacerdote pode transformar a água do batismo, de modo que a graça nela penetre. Ela diz que o sacerdote pode operar o milagre da Transubstanciação, ou seja, transformar o pão e o vinho no corpo, sangue, alma e divindade do Senhor Jesus Cristo. Desse modo, ela diz, o pão já não é pão, após ter sido operado pelo sacerdote.
Os Sacramentos - Isto nos conduz a toda a doutrina dos sacramentos e vou me referir particularmente ao Batismo e à Ceia do Senhor, nos quais a Igreja Católica Romana não hesita em afirmar que se operam milagres. Ela diz que estes milagres, tendo sido operados por um sacerdote, agora a água, o pão e o vinho estão carregados da graça de Deus, de um modo especial e, portanto, operam, mais ou menos, automaticamente. Ela diz que eles operam “ex-operato”. Em outras palavras, a água já não é água, após ter sido carregada com a graça, e ser colocada sobre a cabeça da criança. E com o pão e vinho acontece o mesmo. Curioso é que somente o sacerdote toma o vinho. Ao fiel é dada apenas a obreia (hóstia), como se ele estivesse recebendo o corpo de Cristo.
Confissão – Esta é mais uma total manifestação da sutileza da Igreja Católica Romana, das “astutas ciladas do diabo”. Nada existe no Novo Testamento sobre a confissão auricular, que é mais um dos acréscimos da Igreja Católica Romana. O sacerdote é o único a quem, segundo a Igreja, os fiéis devem confessar os pecados, pois ele tem o poder de dar a absolvição dos mesmos e libertar o pecador do peso da culpa. Ninguém mais pode fazer isso, a não ser o sacerdote, a quem a Igreja Católica Romana delega tal poder. Assim, as pessoas são ensinadas a se confessarem, mesmo não existindo na Escritura uma palavra sequer sobre o assunto. Na Bíblia, aprendemos o dever de confessar nossos pecados a Deus e também uns aos outros, mas nunca a um sacerdote. Estou mostrando as seduções, pelas quais este sistema religioso se coloca entre o homem e o Senhor Jesus Cristo. Nós, os cristãos, devemos ir a Ele para confessar os nossos pecados e mostrar arrependimento.
II.4 - O culto a Maria - Aqui temos a quarta manifestação e esta é uma das mais alarmantes de todas. O culto à “Virgem Maria”, no Catolicismo Romano, tem aumentado, rapidamente. O que a Igreja Católica Romana ensina? Que Maria é a Rainha dos Céus, sendo a primeira pessoa a quem devemos nos dirigir em oração. Em muitas de suas igrejas, vamos descobrir que Maria é mais importante do que o Senhor Jesus, o Qual fica praticamente escondido por trás dela, numa posição de retaguarda. E por que? A Igreja Católica Romana explica que, sendo Maria humana, ela é mais amorosa e terna do que Jesus, que é autoritário demais e duro. Este é o ensino da Igreja Católica Romana, a fim de respaldar o culto a Maria, pois ela diz que sendo Maria tão amorosa, não precisamos ir diretamente ao Filho, visto que Ele concede à Sua Mãe tudo que ela Lhe pede. Daí porque deveríamos ir a Maria, implorando o seu favor. Ela é a “mediadora” entre nós e o Filho de Deus, o Salvador de nossas almas. A Igreja Católica Romana tem aumentado cada vez mais o poder de Maria, desde 1854, com o dogma da Imaculada Conceição. Este dogma, ao que tantos pensam, não trata do nascimento virginal de Jesus, mas afirma que Maria nasceu imaculada. Mais tarde, foi publicado o dogma da Assunção de Maria, afirmando que ela morreu, como todos nós, e foi sepultada; mas, em seguida, foi levada ao céu, exatamente como aconteceu com o seu Filho. Assim, a Igreja Católica Romana enaltece Maria, tornando-a por demais importante, de tal modo que o poder do Senhor Jesus Cristo fica ofuscado pelo poder dela.
II.5 - Os santos - Finalmente, vamos mencionar os “santos” acrescentados pela Igreja Católica Romana. O povo é ensinado a orar aos santos católicos. Como isso pode acontecer? Eles acreditam no perfeccionismo nesta vida e dizem que alguns “santos” viveram vidas tão perfeitas que conseguiram méritos demais e que podem liberá-los a quem precisar da superabundância dos mesmos. Diz a Igreja Católica Romana que: todos nós, pecadores falhos, podemos ir aos santos, em oração, a fim de pedir que eles nos liberem certa parcela dos méritos que conseguiram amealhar, abundantemente. Que os santos poderiam interceder por nós e compartilhar os seus méritos conosco. Por isso, temos a adoração aos santos, oramos aos santos e vivemos sob a dependência deles. Desse modo, nossas carências poderiam ser suplementadas. Coloquei apenas cinco dos principais meios, pelos quais todo o sistema da instituição católica se coloca entre o crente e o Senhor Jesus Cristo. Lembrem-se que tudo isso é feito por pessoas que acreditam na Encarnação de Cristo no seio de Maria, e, mesmo assim, são vencidas pelas “astutas ciladas do diabo”. Por um lado, a Igreja Católica Romana afirma muito do que é correto, enquanto, por outro lado, ensina tudo que é errado.
III - Justificação - Esta é a maneira pela qual a Igreja Católica Romana não apenas rouba a posição do Senhor, mas Lhe restringe a glória, a perfeição e a totalidade da grande salvação que Ele nos dá. O primeiro exemplo disso se refere à justificação pela fé. Conforme dizia Lutero, “esta é a diferença entre uma igreja firme e uma igreja decaída” e aqui reside toda a glória do Protestantismo, o que o trouxe à existência. Às vezes me pergunto se muitos protestantes sabem disso. Será que sabem? Não é de admirar que o Catolicismo Romano esteja crescendo, visto como a maioria dos protestantes desconhece o que significa a Justificação. Enquanto os protestantes acham que basta viver uma boa vida, o Catolicismo Romano vai avançando com sucesso, invadindo países e nações. A Igreja Católica Romana ensina que as boas obras podem ser praticadas pelo homem pecador, contribuindo para sua justificação... Mas a Bíblia diz: “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3:10), “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:23- 24). Em Isaías 64:6, lemos: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam”. Isso mostra que nossas boas obras nada valem diante de Deus para que sejamos por elas justificados. Mais sério ainda é a Igreja Católica Romana ensinar que o batismo traz a justificação, que nossos pecados são perdoados e que ele nos infunde justiça. Mesmo sendo um bebê inconsciente, não importa, pois no batismo ele é justificado do pecado original, segundo a Igreja Católica Romana. Ela diz que não se trata aqui da justiça de Cristo, mas de uma justificação que Deus concede através do batismo e que os que são batizados são vistos como justos diante dos olhos de Deus. A Igreja Católica Romana denuncia como heresia o ensino protestante da justificação exclusivamente pela fé em Jesus Cristo. O seu ensino torna o homem dependente da Igreja, pois toda a obra da salvação deve ser operada pelo sacerdote, através do batismo e da obediência à Igreja Católica Romana. Isto torna o sacerdote absolutamente essencial e sem este o fiel fica desprotegido; portanto, ele precisa continuar ligado à Igreja Católica Romana e ao sacerdote. Segundo este ensino, não existe uma comunicação direta do homem com Deus, sem o concurso destes intermediários. Enquanto isso, a Bíblia diz, na 1 Timóteo 2:5: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”. Já na Igreja Católica Romana, os mediadores são: Maria, o Papa, os sacerdotes, os santos e toda a hierarquia, com as suas determinações. Como vemos, sobre a justificação, a Igreja Católica Romana ensina mais uma de suas tantas mentiras.